O cientista e o engenheiro

É a vocação do intelectual contra a vocação do empreendedor.

A ciência pura se trata da descoberta de conhecimento: você descobre coisas novas, pensa nos princípios e nas regras que regem a matéria.

A engenharia foca na aplicação: como posso usar os princípios pra gerar novas tecnologias e alcançar mais eficiência?

A ciência é uma profissão eminentemente intelectual, tanto é que grandes pensadores estudaram química ou física em suas vidas: Kafka e Otto-Maria Carpeaux na primeira, e Eddington, Heisenger, Goethe e tantos outros na segunda.

(Talvez a Física seja ainda mais intelectual, pois trata muito mais da imaterialidade. A química talvez seja um “degrau pra baixo” na ciência indo em direção ao materialismo.)

Na engenharia, não vemos tantos intelectuais que tocam em assuntos mais filosóficos – pelo menos não me recordo de nenhum de cabeça.

A química e a física, por exemplo, lidam com a ciência pura, com a teoria em seu estado menos “útil”. É algo típico do intelectual, que não enxerga as coisas com utilitarismo. Já a engenharia dá uma ênfase mais prática, mais aplicável, típica de uma pessoa voltada para resultados e produtividade.

O cientista é o homem da abstração, transitando no mundo das ideias e buscando os princípios que regem o universo. O engenheiro é o homem pragmático, utilitarista, com vista em um objetivo prático e eficiente. É a vocação do intelectual contra a vocação do empreendedor.

Se eu tiver uma página na Wikipédia, lá dirá que fui escritor, ensaísta e químico brasileiro. Sou feliz por isso: essa formação me ajuda a guardar essa centelha puramente intelectual.

Mas é claro que isso é apenas uma idealização. Hoje em dia, isso não é 100% verdadeiro: na contemporaneidade, formação profissional e vocação intelectual andam largamente dissociados.

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